O retorno ao Pago é um dos temas mais lindos na cultura regional gauchesca, sempre abordado com muito carinho pelos cancioneiros da nossa vertente Missioneira e Fronteriça, hoje vivo e entendo com mais clareza as mensagens destes versos.
Hoje pela manhã, entre um mate e outro, organizando os afazeres da semana nas obrigações da vida de estancieiro, me pus a escutar Rio de Infância do Rillo e Origens do Miguel Bicca, elas penetraram em mim e tomaram meu pensamento, vi minha tez mais envelhecida do que nos anos vividos na capital, a melena querendo se atordilhar, a cada dia mais branca, mas aí vi que troquei a nostalgia da infância em que cresci no meio dos meus cavalos brincando e fazendo correrias e carreradas de campo com os amigos de sempre, pela verdadeira energia de trabalhar no legado que meu bisavô Dorival Gonçalves e meu avô Cavalcante Gonçalves me deixaram e assumindo as responsabilidades que sempre desejei ter.
Tenho a mescla de castellanos com brasileiros, nas veias corre o sangue índio charrua e o gaucho por natureza, soy doble chapa, cria dos Rios Uruguay e Icamaquã, fruto do pampa e das cochilhas, solto como o vento que vai e volta.
Troquei a nostalgia que sentia em Porto Alegre, pela a energia do lugar que quero montar meu rancho, criar meus filhos e envelhecer mateando e escrevendo algum verso banal, só para estimular a minha própria criatividade.
Boa semana a todos e não se apeguem a conceitos ou a própria formação acadêmica, escolher o curso não é o mesmo que escolher a profissão, parafraseando o Rillo:
Como é fácil ir embora
Como é difícil voltar
Quero ser guri denovo
Não consigo me encontrar
Pura verdade, to com a tez mais velha, mas remocei na alma, to que é um Guri.
Filipe Gonçalves Aranha
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